"Terra Forte": Justiça pela baleia – Segunda Opinião
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| Edição #281 | Por Filipe Vilhena |
Após o final de “A Fazenda”, a TVI decidiu apostar numa nova novela, “Terra Forte”, escrita por Maria João Costa, que estreou a 20 de outubro e traz como objetivo subir as audiências do canal e aumentar os resultados deixados pela antecessora.
Antes de passar à análise, queria partilhar que sonhei há
dias que Flor (Benedita Pereira) foi atirada para fora de um cruzeiro,
encontrou um bloco no meio do oceano e passou lá a noite. Na manhã seguinte, foi
resgatada por António (João Catarré), que estava noutro barco, corta-se no
bloco onde estava, consegue fazer um curativo, é cercada por tubarões, cai à
água e, no final, é salva por uma baleia. Acabei de perceber que essa é uma das
cenas da trama, mas poderia ser um sonho muito engraçado. Porém, o que me causa
mais inquietação não é esta sequência de acontecimentos, mas sim o facto de
Flor se apaixonar por António e não pela baleia, que a salvou.
“Terra Forte” traz-nos
uma história de ajuste de contas, uma vez que Flor, dada como morta no Brasil,
ressurge na Ilha das Flores, nos Açores, revelando que alguém a tentou matar
antes. Maria de Fátima (Rita Pereira), filha de uma empregada dos Terra Forte, consegue
ser adotada pela família e assume e o controlo dos negócios. Flor desconfia que
a vilã muito má e Sammy (José Fidalgo) são aliados. E por falar nele, o seu
irmão gémeo, Duda (também José Fidalgo), morre numa explosão de carro. Até
agora, todos os acontecimentos clichês estão presentes: um desaparecimento, uma
quase morte, uma morte, uma explosão, uma vilã muito má e uma baleia que salva uma
mulher – este último não é habitual, estou a brincar.
Leia também: “A minha Mãe com o teu Pai”, salvo seja – Segunda Opinião
A qualidade das novelas baixou nos últimos anos e não foi
por questões técnicas. Desse ponto de vista, existe um aperfeiçoamento muito
bom, com planos, luz e imagens com bastante qualidade e que em nada ficam atrás
de produções internacionais e com mais dinheiro. Porém, o problema das atuais tramas
– não todas, mas a maioria – é a padronização. Uma família rica, um amor
impossível e a divisão da história entre Portugal e outro país. E, claro, antigamente
tínhamos também, em várias novelas, essas mesmas questões, mas a forma como eram
abordados variava mais, assim como as personagens, que pareciam ter mais
profundidade. Para facilitar, parece que as personagens são construídas com
menos características: os bons são sempre bons e os maus são sempre maus.
Esta trama tem alguns desses “problemas”, que se agravam se
pensarmos que “Cacau” (2024), “A Fazenda” (2024) e “A Protegida” (2025-ainda em
exibição) utilizaram enredos muito semelhantes e com personagens também muito parecidas
– mudam os atores. E por falar no elenco, para além dos quatro protagonistas,
destacam-se Custódia Gallego, José Wallenstein, Sofia Nicholson, Maria João Pinho,
Vítor Norte e Marina Albuquerque. A escolha destes e dos restantes atores foi
muito boa.






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