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“A minha Mãe com o teu Pai”, salvo seja – Segunda Opinião

Edição #280 | Por Filipe Vilhena
 

A SIC estreou no dia 26 de outubro um novo programa dedicado ao amor. Apresentado por Júlia Pinheiro, “A minha Mãe com o teu Pai” quer formar novos casais e os responsáveis serão os filhos, que assumem o papel de especialistas.

Uma vez que a TVI separa casais nos seus reality shows, a estação de Paço de Arcos assume o papel de formar novos pares, de modo a manter o equilíbrio do universo. A SIC tornou-se especialista neste género de formatos, com a aposta anterior em “O Poder do Amor” (2014), “Casados à Primeira Vista” (2018), “O Carro do Amor” (2019), “Quem Quer Namorar com o Agricultor?” (2019), “O Noivo é que Sabe” (2020), “Casados no Paraíso” (2023) e, em 2025, “Casados à Primeira Vista – Segundas Núpcias”. Depois de anos a apelidarmos estes programas de “experiências sociais” – nome utilizado pelo canal 3 para se distanciar do carimbo “reality show” associado à TVI – podemos assumir que “A minha Mãe com o teu Pai” é isso mesmo: um reality show, tal como a maioria dos programas mencionados acima (e outros emitidos pela estação).

A primeira coisa errada com este formato é mesmo o nome. Não sei se este pensamento poderá ser exclusivo de mentes mais “maliciosas”, mas o significado é ambíguo. Por um lado, e calculo que seja esse o objetivo, sugere uma situação de enlace e amor. Contudo, pode também sugerir um envolvimento sexual e é estranho pensar que um filho poderia dizer a frase “a minha mãe com o teu pai” nesse sentido. Quanto à dinâmica do programa, já percebemos que seremos confrontados com filhos a assistirem a engates dos pais, o que também é um pouco inesperado e provoca algum desconforto ao espectador. Divididos em salas diferentes, os filhos têm a oportunidade de verem a interação dos respetivos pais com os outros concorrentes e vão ter a possibilidade de tomar decisões e propor desafios. Tivemos momentos divertidos, conversas interessantes e os filhos vão dar que falar, apesar de não serem os protagonistas, pois as suas decisões podem gerar discórdia.

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O reality show de Júlia Pinheiro segue um estilo semelhante a “Casados à Primeira Vista”, é gravado e será emitido ao final da tarde de segunda a sexta-feira e ao domingo à noite. A SIC sempre nos apresentou estes formatos gravados, mas a verdade é que poderiam ter mais sucesso se fossem em direto. Porém, a mecânica seria totalmente diferente e o orçamento aplicado também. Além disso, esta é uma adaptação do original “My mom, your dad”. Mantendo as apostas gravadas, o canal poderia transmitir o programa apenas ao final da tarde dos dias úteis e libertar os domingos à noite para outros formatos. Deste modo, as grandes decisões não ficavam concentradas na emissão de domingo e a SIC poderia atrair mais espectadores e competir com a concorrência no período das 19:00 horas.

Neste momento, atendendo à perda de interesse dos espectadores pelos conteúdos televisivos em sinal aberto, os reality shows são dos poucos que ainda conseguem audiências razoáveis e captar a atenção do público por serem feitos de polémicas e gerarem muitos comentários nas redes sociais. Porém, tudo o que é em excesso cansa e parece-me o destino do “Big Brother” e de todos os seus “parentes” da TVI e da SIC. Quanto ao "A minha Mãe com o teu Pai", apesar destes pontos negativos, o primeiro episódio conseguiu despertar curiosidade para os próximos capítulos.

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