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"Segunda Opinião" #265- Daniel Oliveira e o presente “envenenado” para Andreia Rodrigues

Estreada a 29 de setembro de 2014, "Segunda Opinião" é uma rubrica onde todas as semanas é abordado um assunto do mundo televisivo.
A SIC continua a perder para a TVI nas audiências e parece existir alguma combinação secreta entre os canais. Eu explico: aos sábados à tarde deve existir uma espécie de “acordo de paz” entre as estações privadas e a RTP1 e está definido que é Daniel Oliveira que fica com o segundo ou terceiro lugar – quem sabe um dia até atrás da RTP2 – porque a SIC parece ter desistido daquela faixa horária.

Depois do fim do “Caixa Mágica”, algures em 2023, a SIC já deu tantas voltas à programação de sábado que não chega uma edição desta humilde rubrica para abordar tudo. De forma geral, já ocupou o horário da tarde o “Alô Marco Paulo”, “Olhá SIC”, as novelas emitidas durante a semana, “Terra Nossa” e “Patrões Fora”. Não sei se me esqueci de alguma grande aposta que marcou menos de 10% de share, mas o foco esta semana é o “Estamos em Casa”.

Foi a 18 de janeiro de 2025 que Andreia Rodrigues assumiu o período das tardes de sábado com o “Estamos em Casa”. Este programa não é inédito, estreou em 2021 nas manhãs de sábado e tinha como premissa ter um apresentador diferente em cada emissão. O cenário é o mesmo da “Casa Feliz” e cada emissão era “preenchida” ao gosto do anfitrião da semana. As melhores edições foram, sem dúvida, as duas apresentadas por Alexandra Lencastre (2021 e 2022) e a que Ana Galvão, Inês Lopes Gonçalves e Joana Marques deram a cara, em 2022.

Depois de cerca de 1 ano e meio em antena, o programa acabou. Em 2025, Daniela Oliveira acordou e pensou que seria bom trazê-lo de volta para os sábados à tarde, com uma apresentadora fixa. Escolheu Andreia Rodrigues para o papel. A mecânica mantém-se a mesma e esse é que é o problema. Talvez um dos piores presentes que um marido ofereceu à sua esposa: dar-lhe um programa (praticamente) condenado à morte.

Andreia Rodrigues apresenta o "Estivemos em Casa" | Foto D.R.

O “Estamos em Casa” tem tudo para correr mal. Comecemos pelo facto da SIC estar numa "crise" de audiências e decidir trazer um formato que anteriormente já teve algumas dificuldades em afirmar-se. O nome “Estamos em Casa” não traz nada de bom, para isso tinham inventado outra designação para este formato, por exemplo, “Estamos sem Rumo”. Além disso, o cenário da “Casa Feliz” está desgastado, cheira a mofo e volta a ser usado novamente para além das emissões de segunda a sexta-feira. Para cozinhar tudo, Daniel Oliveira acrescentou a cereja no topo do bolo: é gravado. Pois é, o “Estamos em Casa” é na verdade o “Estivemos em Casa”.

Andreia Rodrigues é uma apresentadora que divide opiniões, mas a verdade é que não é de todo o problema deste programa. É uma profissional esforçada, dedicada e que precisa de tempo para se “ambientar” e se mostrar mais. Para além de tudo o que mencionei, o programa traz mais do mesmo em termos de conteúdos. E quando me refiro a “mais do mesmo” é o que já vemos na “Casa Feliz”. Não faz sentido algum um canal que precisa liderar ter na programação algo que não seja inovador ou se destaque de alguma forma. Se o programa é mau? Não é.

Em resultado do fraco empenho da SIC, as audiências têm ficado aquém do esperado. O programa foi, entretanto, reajustado no seu horário, mas continua a perder. Porém, quem sabe, ainda pode existir esperança para o “Estamos em Casa”, se o canal lhe der outro cenário, conteúdos diferentes e o tornar num programa em direto.

Para terminar, nem o Daniel Oliveira é mau diretor, nem a Andreia Rodrigues é má apresentadora. Este texto questiona apenas a mecânica e estratégia da SIC no "Estamos em Casa", não o trabalho dos dois profissionais.

Por: Filipe Vilhena


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