"Segunda Opinião" #265- Daniel Oliveira e o presente “envenenado” para Andreia Rodrigues
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Depois do
fim do “Caixa Mágica”, algures em 2023, a SIC já deu tantas voltas à
programação de sábado que não chega uma edição desta humilde rubrica para abordar
tudo. De forma geral, já ocupou o horário da tarde o “Alô Marco Paulo”, “Olhá SIC”,
as novelas emitidas durante a semana, “Terra Nossa” e “Patrões Fora”. Não sei
se me esqueci de alguma grande aposta que marcou menos de 10% de share, mas o
foco esta semana é o “Estamos em Casa”.
Foi a 18 de
janeiro de 2025 que Andreia Rodrigues assumiu o período das tardes de sábado
com o “Estamos em Casa”. Este programa não é inédito, estreou em 2021 nas manhãs
de sábado e tinha como premissa ter um apresentador diferente em cada emissão. O
cenário é o mesmo da “Casa Feliz” e cada emissão era “preenchida” ao gosto do anfitrião da semana. As melhores edições foram, sem dúvida, as duas
apresentadas por Alexandra Lencastre (2021 e 2022) e a que Ana Galvão, Inês
Lopes Gonçalves e Joana Marques deram a cara, em 2022.
Depois de cerca
de 1 ano e meio em antena, o programa acabou. Em 2025, Daniela Oliveira acordou
e pensou que seria bom trazê-lo de volta para os sábados à tarde, com uma
apresentadora fixa. Escolheu Andreia Rodrigues para o papel. A mecânica
mantém-se a mesma e esse é que é o problema. Talvez um dos piores presentes que
um marido ofereceu à sua esposa: dar-lhe um programa (praticamente) condenado à morte.
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Andreia Rodrigues apresenta o "Estivemos em Casa" | Foto D.R. |
O “Estamos em Casa” tem tudo para correr mal. Comecemos pelo facto da SIC estar numa "crise" de audiências e decidir trazer um formato que anteriormente já teve algumas dificuldades em afirmar-se. O nome “Estamos em Casa” não traz nada de bom, para isso tinham inventado outra designação para este formato, por exemplo, “Estamos sem Rumo”. Além disso, o cenário da “Casa Feliz” está desgastado, cheira a mofo e volta a ser usado novamente para além das emissões de segunda a sexta-feira. Para cozinhar tudo, Daniel Oliveira acrescentou a cereja no topo do bolo: é gravado. Pois é, o “Estamos em Casa” é na verdade o “Estivemos em Casa”.
Andreia Rodrigues é uma apresentadora que divide opiniões, mas a verdade é que não é de todo o problema deste programa. É uma profissional esforçada, dedicada e que precisa de tempo para se “ambientar” e se mostrar mais. Para além de tudo o que mencionei, o programa traz mais do mesmo em termos de conteúdos. E quando me refiro a “mais do mesmo” é o que já vemos na “Casa Feliz”. Não faz sentido algum um canal que precisa liderar ter na programação algo que não seja inovador ou se destaque de alguma forma. Se o programa é mau? Não é.
Em resultado do fraco empenho da SIC, as audiências têm ficado aquém do esperado. O programa foi, entretanto, reajustado no seu horário, mas continua a perder. Porém, quem sabe, ainda pode existir esperança para o “Estamos em Casa”, se o canal lhe der outro cenário, conteúdos diferentes e o tornar num programa em direto.
Para terminar, nem o Daniel Oliveira é mau diretor, nem a Andreia Rodrigues é má apresentadora. Este texto questiona apenas a mecânica e estratégia da SIC no "Estamos em Casa", não o trabalho dos dois profissionais.
Por: Filipe Vilhena
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