"Segunda Opinião" #263- Os reality shows da TVI
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Porém, como quem vive de passado é museu (a frase não é
minha, mas desconheço o autor), vamos falar dos últimos cinco anos. Esta é a
lista de reality shows que a TVI emitiu: “Big Brother 2020”, “Big Brother – A
Revolução” (2020), “Big Brother – Duplo Impacto” (2021), “O Amor Acontece”
(2021), “Big Brother 2021”, “Big Brother Famosos 1” (2022), “Big Brother
Famosos 2” (2022), “Big Brother – Desafio Final 1” (2022), “Big Brother 2022”,
“A Ex-Periência” (2023), “O Triângulo” (2023), “Casamento Marcado” (2023), “Big
Brother 2023”, “Big Brother – Desafio Final 2” (2024), “Big Brother 2024”,
“Dilema” (2024), “Secret Story 8” (2024), “Secret Story – Desafio Final 5”
(2025) e, ainda este ano, está confirmada mais uma edição do “Big Brother”.
Nos últimos cinco anos, o canal de Queluz de Baixo teve, quase ininterruptamente, um reality show em antena. O objetivo era roubar a liderança à SIC e, depois de atingida essa meta, foi preciso continuar, até ao momento atual, com José Eduardo Moniz a afirmar que a TVI terá reality shows durante todo o ano. Para além da emissão destes programas, a tendência tem sido aumentar os segmentos dedicados ao mesmo. O “Diário”, o “Extra”, a “Ligação à Casa” e as galas de domingo, foram quase certos em todos estes formatos, mas a TVI precisou de ocupar horários “necessitados” de maior audiência. Surge assim às 18h00 o “Última Hora” e depois do “Jornal Nacional”, o “Especial”. Além disto, os sábados, passaram a ter também segmentos de comentário aos reality shows, tanto durante a tarde, como a noite. Em alguns dos programas, como o atual em antena, o “Secret Story – Desafio Final”, sábado tornou-se noite de gala especial – que mais não é do que uma emissão “normal” do programa, mas que é chamada de “gala” para agarrar os espectadores, uma vez que a SIC investe no formato “A Máscara”.
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Os únicos apresentadores da TVI. Quer dizer, esperem... afinal há mais 30. | Foto D.R. |
A juntar a isto, surgem quase sempre os mesmos nomes: Cláudio Ramos, Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha. Nos últimos cinco anos, Teresa Guilherme, Maria Cerqueira Gomes, Pedro Teixeira e Maria Botelho Moniz “piscaram” o olho, mas foram apenas aposta em um ou dois projetos – Teresa Guilherme colabora agora com a CMTV. Três apresentadores para tanto programa, a que se juntam os seus programas diários. A grelha da TVI vive, assumidamente, de Cláudio Ramos, Cristina Ferreira e Manuel Luís Goucha. Meses de diretos a várias horas, que desgastam a imagem do profissional e o próprio. As folgas devem escassear a estes três rostos quando conduzem, a par do seu programa diário, um reality show. Para quê? José Eduardo Moniz tem tantos apresentadores e não consegue apostar noutro rosto, alguns com provas dadas de que agarrariam o desafio, como Maria Botelho Moniz, que passou das manhãs para conduzir o “Diário” de reality shows – e a verdade é que é exímia, mas é pouco.
A apresentadora tem tido oportunidade de dar a cara pelo “Especial”
de sexta-feira, na ausência do apresentador titular, que tira nesse dia uma
folga para não "enlouquecer". Porém, Maria
Botelho Moniz nem tem “direito” a comunicar com a casa. Não seria ideal dar-lhe
oportunidade de conduzir, quem sabe, uma edição do “Big Brother”, ainda que em
dupla com o ex-colega das manhãs? Já vimos que Cláudio Ramos é excelente nesse
papel, assim como Manuel Luís Goucha foi no “Dilema”. Já o “Secret Story”, com Cristina Ferreira, deixou a desejar, mas para comentar a sua prestação
precisava de uma edição inteira – fiquem a saber que não “odiei”, mas não se
mostrou tão à vontade neste papel como nas manhãs ou num programa como o “Dança
com as Estrelas”.
A estratégia da TVI em ter reality shows durante todo o ano pode não ser má, mas a máquina, agora “bem oleada”, vai saturar os espectadores. Várias são as razões: a aposta contínua nos programas como o “Big Brother” e o “Secret Story”, a que se segue sempre um “Desafio Final”; a aposta em três apresentadores que estão diariamente noutros programas e várias horas de programação com imagens repetidas. Para resultar, seria necessário o canal diversificar mais os seus reality shows – não me venham com “O Triângulo”, que aquilo é o mesmo que o “Big Brother”-, apostar noutros rostos da casa e ter uma programação que não sobreviva apenas de segmentos destes programas.
Por: Filipe Vilhena
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