"Segunda Opinião" #256- RTP1 ganha força, CMTV vence TVI
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A guerra de audiências está interessante. Os canais privados têm perdido audiências e a RTP1 tem surpreendido. Quer seja nas manhãs, nas tardes ou nas noites, vemos uma “competição” cada vez mais equilibrada entre os três grandes.
Com a SIC e a TVI a começarem a “desesperar” pelos fracos números, há que destacar no primeiro canal a força d’ “O Preço Certo”, que sempre foi um dos pilares da programação. Fernando Mendes continua a reunir a preferência dos espectadores, que procuram no seu programa um momento de descontração. Com mais ainda do que na temporada anterior, “Joker” tem-se destacado ao vencer “Papel Principal” e até “Festa é Festa”. A novela da TVI começa a dar sinais de desgaste e, apesar de liderar em média, já não faz números como outrora. Podemos ainda destacar a prestação da “Praça da Alegria”, considerada “nula” muitos anos na guerra de audiências, o programa de Sónia Araújo e Jorge Gabriel tem-se mostrado mais competitivo. Nas tardes “A Nossa Tarde” continua em terceiro, mas “Júlia” e “Goucha” têm perdido espectadores, portanto, é expectável que os valores se equilibrem mais. Este sábado, 18 de novembro, “MasterChef Portugal” venceu a SIC e a TVI e "The Voice Portugal" continua forte dos domingos. Na informação, temos o “Telejornal” chegar ao segundo lugar, deixando o tão anunciado “Jornal Nacional” em terceiro plano. O mesmo acontece algumas vezes nas tardes, com o “TVI Jornal” a perder para a RTP1.
Mas o que será que levou a RTP1 a manter-se mais estável do que as privadas? A verdade é que o canal público sempre foi mais “discreto” nas suas estreias – a SIC e a TVI anunciam sempre os programas como: “Vai revolucionar a televisão portuguesa”; “inédito em Portugal” ou “vai prender os portugueses”. É uma fórmula que pouco resulta, até porque sabemos que está (quase) tudo inventado. “Onde Está o Dinheiro?”, na TVI, prometeu tudo e entregou pouco, assim como “Lua de Mel” ou “Papel Principal”, na SIC. Além disso, a “emoção” com que os apresentadores da SIC e TVI falam das apostas, é “meio forçada”. Hoje não existem entrevistas, são “conversas intimistas”; não existem histórias de vida, são “histórias emocionantes e trágicas recheadas de dor e acidentes”. Calma, jovens (citei Joana Marques, sim). Na RTP1 é tudo do género: “Vamos estrear um novo programa, ok? Tudo a ver, obrigado”.
"Papel Principal" tem registado mínimos na SIC | Foto D.R. |
Temos milhares de ofertas de entretenimento, os canais precisam de perceber que o público mudou a forma como consome TV. E por não entenderem isso, é que chegam apenas a uma parte dele. Sim, a RTP tem muito público idoso, mas as séries da RTP e as da RTP Play, os programas “Nunca é Tarde”, “Scroll”, “Taskmaster”, entre outros, fazem sucesso no digital. A ficção da RTP atingiu um nível muito bom há já muitos anos. Se pensarmos, os 400 mil espectadores que assistiam a uma série no horário nobre da estação pública pareciam poucos há cerca de três anos. E agora, “Papel Principal” tem o mesmo número. E se formos ver, a RTP continua com os mesmos 400 mil espectadores em 2023, foi a SIC que desceu de 1 milhão – o público na RTP procura mesmo aqueles conteúdos para assistir.
A RTP1 não me pagou para falar desta forma dos seus conteúdos e, está longe, muito longe, de ser uma estação perfeita e que cumpre a 100% o seu papel de serviço público. A minha análise é feita de forma geral e sem ter à minha frente gráficos sobre consumidores. É a opinião de um mero espectador que analisa audiências.
A assinalar ainda, o inédito dia em que a CMTV venceu a TVI na média geral. Foi no passado dia 18 de novembro, sábado. 9.5% para a TVI, enquanto canal privado, é desastroso. E obviamente o Correio da Manhã tirou proveito disso. Quanto marcaria a CMTV se estivesse em sinal aberto? Faz assim tanta diferença os canais de sinal aberto e os canais de cabo?
Termino por esta semana a “Segunda Opinião”, assinalando apenas que o espaço de escrita é pequeno, para tanta coisa por dizer. Limitei-me a assinalar os “feitos” da RTP1 e os “não feitos” da SIC e TVI nos últimos meses. Mas nem tudo é mau nos canais privados, assim como não temos a estação pública a marcar um share diário enorme. A imparcialidade desta rubrica mantem-se.
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