Últimas Notícias

"Trivialidades" #9- As Almas [parte 2]

Estreada a 02 de novembro de 2022, "Trivialidades" é uma rubrica mensal onde se discutem os mais diversos temas da sociedade. Artur Raposo assina este espaço.

As almas sôfregas por aqui pairam… aqui pertencem. Olhão, 2023. A presença do franchising, Mcdonald’s, na capital da ria formosa, trouxe a modernidade. Sendo que este termo dá azo a muitas discussões sociológicas/históricas sobre a sua terminologia e o período que abrange, a verdade é que acabou por espelhar a realidade demográfica/social da cidade.

Entenderemos como modernidade, a presença de um símbolo mundial e global, assente num modelo económico capitalista numa terra que, retirando o pequeno centro-comercial AL-HAIN, sombrio e pouco apelativo, só viu ser construído o seu primeiro shopping center em 2009.

Pelo menos, o primeiro numa dimensão onde poderíamos, cuidadosamente, comparar o Shopping da Guia ou o dito Forúm do Algarve.

Atualmente, o cenário é um pouco grotesco. O drive da franchising é um circuito onde num espaço de 30 ou 50 metros somos abordados por cinco ou 6 pessoas diferentes. É o “dinheiro para a droga”, afirmam transeuntes que por ali passam.

Não quero soar insensível a adição, nem para com quem vive com este inferno, dia e noite, de estação a estação. 

Este cenário, que se assemelha ao que se vive na marginal olhanense, coloca-nos em contacto com diferentes protagonistas: a tristeza pálida que dá lugar a um corpo sem emoção. O resultado de quem, provavelmente, já aceitou a escravidão da alma.

Os sotaques alternam-se, constituindo um tronco comum diversificado no que podemos considerar como dados demográficos. Olhão acaba por ser o denominador comum numa viagem em espiral descendente.

Encontramos o nosso sotaque algarvio, o falar rápido, com uma troca de vogais constante, como também a versão eixo Lisboa-Coimbra, mais calma e respeitadora das sílabas.

O investimento turístico abriu as portas a novos empregos, mas não consegue exterminar, naturalmente, as deficiências que encontramos numa população lutadora, orgulhosa, mas débil no que diz respeito a escalar no elevador social.

As oportunidades não são para todos no jardim plantado à beira-mar…

A continuar…

LEIA A PARTE 1 AQUI.
Por: Artur Raposo

Sem comentários