"Segunda Opinião" #242- "Jornal Nacional": O que faltava para a liderança?

Estreada a 29 de setembro de 2014, "Segunda Opinião" é uma rubrica onde todas as semanas é abordado um assunto do mundo televisivo.

 

A TVI estreou no passado dia 20 de fevereiro o "Jornal Nacional", o informativo que marcou os anos 2000 e que regressa agora com novas caras, mas o mesmo objetivo de sempre: colocar o "dedo na ferida" e não deixar nada passar em branco. O canal quer uma informação inquietante, com várias investigações que não tenham medo de atingir a "elite" (políticos, essencialmente).

O novo noticiário marca o fim do "Jornal das 8", que tem tido, nos últimos anos, dificuldade em se afirmar como informativo de referência. Em comparação com o "Telejornal" (RTP1) e "Jornal da Noite" (SIC), o "Jornal das 8" era o menos familiar entre os portugueses. Foi uma decisão acertada por parte de José Eduardo Moniz fazer esta mudança, uma vez que a informação da TVI estava a ficar para trás e era preciso um ponto final. O "Jornal das 8" já tinha tido muitas alterações, em termos de grafismo, rubricas e até na génese da informação, mas continuava a perder espectadores.

A estação de Queluz de Baixo decidiu continuar a apostar em duplas para as suas noites. José Alberto Carvalho e Sara Pinto transitam para o "Jornal Nacional" e, como novidade, a TVI apresenta Sandra Felgueiras ao lado de Pedro Benevides. Esta última dupla tem sido aposta esta semana e a verdade é que tem demonstrado algumas fragilidades de encaixe - o que é normal. Existe química, mas a interação dos pivós está a ser construída aos poucos. É cedo para tirar conclusões, mas Sandra e Pedro parecem funcionar bem, assim como José Alberto Carvalho e Sara Pinto, que já apresentavam juntos o "Jornal das 8" e pouco têm a provar.

Em termos de informação, a revolução finalmente chegou à TVI. Inquietante, isenta e sem medos. Tem sido assim o "Jornal Nacional", com peças informativas diferenciadas e realmente importantes. Ver as notícias na TVI tornou-se algo interessante que nos faz questionar e pensar na sociedade, no Governo e na forma como vemos o nosso país. São investigações e reportagens com apontamentos muito interessantes. Verdade seja dita: o canal está a "dar tudo" esta semana por ser a estreia, mas, a continuar assim, a estação de Queluz de Baixo pode realmente vencer a SIC.

José Carlos Araújo e Cátia Nobre do "TVI Jornal" | Foto D.R.

Convém realçar apenas o grafismo do "Jornal Nacional" (e do "TVI Jornal") como ponto negativo. As formas dos oráculos e as cores escolhidas (amarelo e vermelho) não são, de todo, uma imagem visualmente interessante e diferenciada. É uma das falhas do novo informativo: o seu grafismo. O estilo CM TV não é interessante e há muita coisa a acontecer no ecrã: são brilhos, formas e um cubo a girar como se estivéssemos a jogar dados num casino. Algo mais harmonioso seria o melhor, mas agora está feito.

Em termos de informação, o canal 4 acabou ainda com o "Jornal da Uma" e trouxe também o "TVI Jornal". Na hora de almoço, as mudanças foram menores e até a dupla José Carlos Araújo e Cátia Nobre se manteve. A ideia seria regressar ao passado e a um lugar onde a informação será mais respeitada e credível. O "TVI Jornal" não tem um bom nome - desculpem, mas é o que acho - mas tem resultado melhor do que o "Jornal da Uma".

As audiências tem oscilado esta semana. Já vimos o "TVI Jornal" vencer e perder, assim como o "Jornal Nacional". É cedo para avaliar o sucesso ou não destas medidas da TVI, porque a informação da SIC está muito fidelizada, mas para a primeira semana, o saldo parece mais positivo do que negativo. Contudo, não deixa de ser "estranho" ver que até a informação já está abaixo do milhão de espectadores. Neste momento, nem a ficção, nem nas notícias, conseguem diariamente superar esse valor.

Por: Filipe Vilhena