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"Segunda Opinião" #185- Ficamos mesmo "Em Família" com a Maria e o Rúben?

Estreada a 29 de setembro de 2014, "Segunda Opinião" é uma rubrica onde todas as semanas é abordado um assunto do mundo televisivo.

O "Em Família" estreou a 21 novembro de 2020, numa altura em que quase todos estavam em casa, devido à subida drástica de contágios da covid-19, que nos obrigou a confinar novamente. O formato prometia ser uma companhia para os espectadores, apresentado pela dupla maravilha Manuel Luís Goucha e Cristina Ferreira. Convidados (poucos na altura), música e animação nas tardes de sábado dos portugueses, separados pela pandemia. 

Este é programa típico de daytime, mas que tenta apostar em temas mais descontraídos e onde os seus convidados são, na maioria, famosos. Música, alguns jogos e momentos de conversa formam a "ementa" que constitui o "Em Família". O tipo de conteúdo não é totalmente inovador, mas acaba até por ser interessante e leve para quem está em casa. 

Depois de algumas emissões com a dupla, o formato foi apresentado por Cláudio Ramos, Maria Botelho Moniz e Manuel Luís Goucha, aquando da estreia dos novos formatos das manhãs e tardes da TVI, já em janeiro de 2021. Foi mais ou menos nessa altura, que surge a dupla Maria Cerqueira Gomes e Rúben Rua, acompanhados sempre por um terceiro elemento que ia variando, como Nuno Eiró, Pedro Teixeira ou Pedro Fernandes. Neste mesmo momento, devido à mudança do daytime, o programa ganhou um novo cenário (anteriormente era feito no estúdio do "Você na TV!", com pequenas alterações).

Nesta altura, já íamos percebendo que o "Em Família" estava para durar na TVI. O sucesso as primeiras emissões com Goucha e Cristina, fizeram o formato se prolongar e foram feitos vários testes na apresentação, com vários nomes a pisar o estúdio ao sábado. Em termos de audiências, os números foram descendo, talvez pela ausência dos apresentadores de estreia, mas também pelo avançar do desconfinamento. Apesar disso, a quebra ia sendo mínima e acabou estabilizar.

O formato acabou por desistir da ideia de ter três apresentadores e um deles ser de regime rotativo. Uma ideia com pouco sentido até, mas que talvez quisesse criar dinâmica no programa. Foi mesmo Maria Cerqueira Gomes e Rúben Rua a "ganhar" a corrida para a apresentação do "Em Família". Já os tínhamos visto juntos a substituir Goucha nas antigas manhãs e notou-se que existia química entre ambos. 

Rúben Rua e Maria Cerqueira Gomes numa das emissões de sábado | D.R.

Com Rúben Rua, a ex cara do Porto Canal acabou por se soltar mais e mostrar um lado mais divertido. Porém, Maria Cerqueira Gomes parece estar tão à vontade, que às vezes não sabe bem o que está a acontecer no seu próprio programa e nem parece, muitas vezes, estudar a história dos convidados. Em várias emissões, vemo-la a fazer perguntas descontextualizadas ou a não saber pequenos pormenores sobre as histórias que tem à sua frente. Já Rúben Rua, mantém sempre a tentativa de parecer engraçado (muitas vezes sem sucesso) e de alguém que sabe muito, mas que afinal não sabe assim tanto. Já dizia Joana Marques numa edição do "Extremamente Desagradável" [deixo o link abaixo para ouvirem se não o tiverem feito], que Rúben é o "eco" da TVI porque repete tudo o que os outros dizem para mostrar que também sabe do que se fala e isso continua a acontecer. Talvez por ser alvo de tantos comentários negativos que dizem que é mau apresentador, o também manequim acaba por tentar mostrar o trabalho de pesquisa que faz (e ainda bem que o faz), mas a forma como o evidencia parece, às vezes, demonstrar que só se está a exibir. 

Estes são os problemas principais de Maria e Rúben juntos e, depois do que escrevi cima, pasme-se: Acho que são uma boa dupla. Eu sei, parece contraditório. Mas ninguém é perfeito, não é? A verdade é que o "Em Família" é o programa certo, no horário certo e com a dupla certa. Melhorando com o tempo os pontos que referi acima, acredito que Maria Cerqueira Gomes e Rúben Rua possam crescer como dupla televisiva. São jovens e dinâmicos e conseguiram dar ao programa uma roupagem diferente e leve, algo essencial para um sábado. Desde a roupa a combinar, aos temas escolhidos para a emissão, a forma como interagem é a cereja no topo do bolo. Espero que a TVI continue a apostar nos dois juntos, porque se nota até que Maria encaixa melhor com Rúben do que com Goucha ou o Pedro Teixeira. Já o amigo de Cristina Ferreira, forma também uma melhor dupla com Maria do que com Helena Coelho.

Agora, o "Em Família" é feito ao ar livre. Não se sabe se a medida é para durar - fazendo concorrência ainda mais direta ao "Alô Marco Paulo" que é feito também na rua - mas a verdade é que o programa perdeu um pouco a sua essência. Com quase um ano no ar, já mudou de apresentadores algumas vezes e está no terceiro cenário. Além disso, o conceito de "estar em casa" e "família", parece mais aconchegante se for feito em estúdio. A TVI deveria fazer o formato regressar a estúdio e podia até inovar. Não sei se a estação terá capacidade para tal, mas o "Em Família" merecia um cenário novo e desenhado especialmente para si. O programa foi sempre aproveitando "restos" do cenário dos formatos de daytime do canal e, uma vez que já demonstrou o seu sucesso, merecia alguma atenção especial por parte da direção. 

Em termos de audiências, a fazer um ano no ar, vimos uma perda de espectadores inicial, mas uma estabilização depois. Desde que estreou o "Alô Marco Paulo", que a TVI tem mais dificuldade em liderar, mas o "Em Família" tem ganho novamente mais força em relação à SIC. Acredito que vão alternar o lugar nas audiências, como acontece no daytime de segunda a sexta-feira. Os números rondam os 400 mil espectadores, o que é razoável para a estação de Queluz de Baixo, mas se o canal der mais importância ao formato, este tem margem para crescer.

Por: Filipe Vilhena

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Deixo AQUI, como prometido, a rubrica do "Extremamente Desagradável" que fala do eco da TVI. (Espero que a Joana Marques um dia também mencione a nossa rubrica na rádio)

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