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"Segunda Opinião" #165- "Até que a Vida nos Separe": Um sucesso na RTP1?

Estreada a 29 de setembro de 2014, "Segunda Opinião" é uma rubrica onde todas as semanas é abordado um assunto do mundo televisivo.

O amor é o mote principal da nova série da RTP1, "Até que a Vida nos Separe", que estreou no dia 3 de fevereiro em horário nobre.

Esta produção conta a história da família Paixão, que gere uma quinta que organiza casamentos, mas que não está muito bem financeiramente. Do amor dos avôs, ao falhanço da relação dos pais, esta história tem ainda dois jovens nos papeis principais, que trazem uma visão muito diferente do que é amar. Em "Até que a Vida nos Separe", o amor vai dos 8 aos 80 e a série traz uma mostra muito interessante de vários tipos de relação amorosa em várias faixas etárias. O elenco reduzido permite desenvolver cada personagem ao pormenor - pelo menos, na estreia, foi essa a mensagem que passou. A premissa desta produção não é totalmente nova, mas a forma realista como é abordada é necessária para o panorama da ficção em Portugal. O amor é, sem dúvida, a sinopse principal de qualquer novela, mas esse tema acaba por se banalizar se não for bem desenvolvido e a série da autoria de João Tordo, Tiago R. Santos e Hugo Gonçalves explora de forma muito peculiar o conceito de amar e das relações interpessoais. 

No primeiro episódio, tivemos um enredo à volta de um casamento onde o padrinho tinha um caso com ambos os elementos do casal. Para além de abordar a traição entre homem/mulher, levanta ainda a temática LGBT. São ambos temas tabus na vida real, mas que é importante explorar. E é curioso que no primeiro episódio tenhamos visto a traição como "elemento associado" ao amor, assim como uma relação gay, mostrando que o amor é transversal a todos. É uma série que promete.

Albano Jerónimo e Dinarte Branco | Foto D.R.

"Até que a Vida nos Separe" tem como realizador Manuel Pureza o elenco principal é composto por Rita Loureiro, Dinarte Branco, Henriqueta Maya, José Peixoto, Madalena Almeida e Diogo Martins. Temos a típica mulher empoderada casada com o homem 'falido' e cujo amor já acabou; o casal idoso que está feliz após anos de casamento e os jovens sonhadores e com um futuro promissor. A série terá ainda a participação de Albano Jerónimo, Teresa Tavares, João Pedro Jesus, Isabela Valadeiro, Catarina Gouveia, João Vicente, Tomás Alves e Lourenço Ortigão. O elenco é de luxo e no primeiro episódio vimos alguns destes atores, que acentuam a qualidade da produção. 

Talvez a personagem mais icónica do elenco principal seja a de Rita Loureiro, que vive a menopausa. Já percebemos que este assunto será explorado e a atriz conseguiu não "ridicularizar" o tema, com uma interpretação que tocasse quase na caricatura. Do elenco secundário, é de realçar a prestação de Tomás Alves, o galã do primeiro episódio que acaba por ter uma relação com o melhor amigo e a namorada deste.

Em termos de audiências, sabemos que esta será mais uma produção da RTP1 a não liderar, uma vez que o público continua a preferir a fórmula das privadas, que apostam em telenovelas. O primeiro episódio obteve 5.7% de rating e 9.6% de share e foi seguida por 540 mil telespectadores. São valores abaixo do considerado "razoável" e que não correspondem à qualidade deste produto. Enquanto estação pública, contudo, a RTP deve sempre manter estes produtos em horário nobre e tentar de certa forma inverter o que se faz hoje em Portugal. O mercado das séries é o futuro lá fora e aqui n. Só falta o público perceber que se faz muito mais do que novelas em Portugal. 

Por: Filipe Vilhena

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