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Foto D.R. |
Falamos na saúde mental em tempos de pandemia, pois essa mesma área e derivações são alvos de um estigma impactante, em Portugal, que só prejudica quem sofre do inimigo invisível. De acordo com o jornal Público, temos mais de 23 000 psicólogos inscritos na ordem dos psicólogos portugueses. Seria necessário o dobro, no mínimo, para podermos almejar a proporção 1 para cada 5000 habitantes. É de estranhar que ao longo dos últimos anos o curso de psicologia e sua área profissional têm vindo a ser tratados como sinónimo de desemprego. Se precisamos de psicólogos e mesmo com o número relativamente reduzido conseguimos observar casos de licenciados que trabalham noutras áreas que não a da saúde mental por falta de opção, podemos retirar como ilação a eventualidade da estrutura nunca ter estado ajustada à realidade portuguesa. O relatório da
Health at a Glance, em 2018, apresentava o nosso país em quinto lugar, no quadro relativo à União Europeia, como a nação que mais sofre de doenças mentais. No ponto vista clínico e remetendo para a área da psiquiatria, a ansiedade e a depressão demonstravam ser o maior flagelo. Tendo uma estrutura que já demonstrava falhas, as mesmas acabariam por se acentuar no contexto pandémico que vivemos.
A crise sanitária mexeu com emoções muito íntimas do foro psicológico – medo e ansiedade. Determinadas patologias já presentes acabariam por se agravar. O confinamento, imposto ao abrigo do estado de emergência, de modo a suprimir a pressão sobre o sistema nacional de saúde acabou por abrir o precedente que, possivelmente, resultará numa crise da saúde mental que já começamos a viver. O Infarmed afirma, não se afastando da realidade que operava em terras lusitanas, que milhões de caixas de antidepressivos foram compradas ao longo do último ano. São os trabalhadores que se encontram em
lay off, os micro e médio empresários que não tem meios de aguentar os seus negócios, os jovens que já se viam em dificuldade para atingir uma total dependência, agora olham para si mesmos impotentes e a viver na casa dos pais. Perante este cenário duro correremos o risco de nos tonarmos numa sociedade que se move à base da medicação?
Por: Artur Raposo
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