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Ana Tereza [Festival da Canção]: "Sou só uma pessoa pequenina com um sonho muito grande"


Nasceu em Faro, passou por Guimarães ainda jovem e admite que sempre foi feliz no palco. Ana Tereza tem 24 anos (1996) e já esteve em grupos corais, bandas de garagem e concursos de talento. É cofundadora da banda de Rock feminino "Gaijas", que lançou em 2019 o seu primeiro trabalho "É Como É" e mais tarde "(Des)Culpas". Ainda nesse ano, a sua banda participou no documentário "Ela É Uma Música" de Francisca Marvão, concorrente ao Indie Lisboa. O convite para participar como intérprete no "Festival da Canção" surge através de Viviane, que já partilhou palco consigo. Jovem, irreverente e com vontade de vencer este desafio, é assim que se define Ana Tereza.

Diário da TV (D.TV.) - Explica-me mais sobre este convite. Como tudo aconteceu?

Ana Tereza (A.T.) - Eu já conheço a Viviane há alguns anos [...] e em novembro ela disse-me que foi convidada para ir ao "Festival da Canção" e gostava que eu fosse representar a música "Com um Abraço". Eu aceitei e então fui a casa dela ver a música (isto sem garantias de nada ainda) e entretanto correu tudo super bem. Acabámos por alterar a música nesse próprio dia e depois tive a confirmação de que era eu que iria representar a música.

D.TV. - Quais foram os sentimentos imediatos, tanto após o convite, como depois, quando tiveste a confirmação de que irias ser tu a dar voz à música?

A.T. - Foi um misto de felicidade e um pouco de surpresa também. Não estava à espera que, num ano como o de 2020 [com a pandemia e a falta de concertos], alguém se lembrasse que eu existia e me desse uma 'boia de salvação' para a minha vida na música, que estava 'a morrer'. Este convite foi um sinal de que eu tinha de continuar a fazer música, porque eu estava numa fase muito negra. 

D.TV. - Identificaste com a mensagem da tua música?

A.T. - Sem dúvida alguma. A primeira vez que ouvi a música tomei logo atenção à letra [...] e identifico-me imenso. Acho que neste momento nos vamos todos identificar com a letra, porque ela transmite o que estamos todos a sentir: a falta de um abraço, do amor próximo, do toque e do carinho dos nossos entes mais queridos. Penso mesmo que as pessoas se vão identificar muito. Poderia ter sido eu a escrever esta letra porque eu tenho estes sentimentos em mim. 

D.TV. - Achas que a tua música tem 'força' suficiente para vencer?

A.T. - Tenho a certeza. Apesar de estar muito abaixo nas sondagens (que eu tenho essa noção), acho que as pessoas não ouviram as músicas todas e isso percebesse pelas visualizações do YouTube também. Tenho noção de que estou numa eliminatória com pessoas que já têm uma carreira formada, já têm fãs e seguidores... São músicas excelentes e será uma decisão difícil. O "Festival da Canção" tem sido uma plataforma para novas oportunidades e para artistas que ainda são 'pequeninos' em Portugal se lançarem e é isso que eu quero fazer. Mas sim, acredito que esta música tem capacidade para ir à final e para representar Portugal na "Eurovisão", até porque a Europa está a receber melhor a música que os portugueses. 

Acredito ainda que a nossa música funcione bem ao vivo, sou mais cantora para isso do que para cantar em estúdio. As vezes que estive em estúdio foram poucas e eu já dei muitos concertos. Acho que a performance de "Com um Abraço" vai mudar um bocadinho as opiniões. [...] Vou dar tudo naqueles três minutos. 

O feedback que eu tenho recebido ou é bastante bom e dizem que vou chegar à final [...] ou são as pessoas a identificarem a música como um 'Faduncho'. Nunca cantei Fado e acho que não estou de todo a transmitir isso na música. Esse é o feedback mais negativo, mas não foi muita gente. 


D.TV. - Quais são os teus objetivos com esta participação? Vais deixar a tua banda?

A.T. - O meu objetivo principal é lançar a minha carreira a solo. Eu tenho a minha banda e não a vou deixar. Contudo, quero lançar-me a solo porque o que eu sou como artista individual é completamente diferente do que eu tenho para dar na banda. Ou seja, a minha banda é de Rock e é uma coisa mais 'política' e sentimentos mais 'negativos' e 'controversos'. No meu lado pessoal, eu tenho outra vontade [...] porque tenho um lado de muito amor, cor e sentimentos mais positivos. 

D.TV. - Normalmente, de forma muito geral, as pessoas criticam o "Festival da Canção" dizendo que as músicas não são boas e que têm de existir pessoas diferentes cantar. Depois, no ano seguinte, isso acontece e as pessoas não aceitam bem. O que te quero perguntar é se as criticas ao festival são um pouco exageradas?

A.T. - Sim, eu vejo isso nos comentários. Falando de 2018, toda a gente dizia que temos de dar oportunidade a novos talentos e, em 2019, ganhou a Elisa e a internet 'explodiu' porque a escolhida não foi a Bárbara Tinoco. Está tudo um pouco dividido, mas a verdade é que existe sim essa questão de as pessoas num ano dizerem uma coisa e no ano seguinte (quando se coloca em prática) criticarem as decisões. 

O meu ano favorito do "Festival da Canção" e da "Eurovisão" foi em 2019. Se eu for avaliar, são as melhores memórias que tenho a nível de apresentação e de música. Eu adoro a música ["Todas as Ruas do Amor"] e tudo me marcou imenso. E isto tudo para te dizer que vi o festival até 2010 e só voltei a ver em 2017/2018 e eu era mesmo muito fã. Muita gente fez o mesmo que eu porque tudo se estava a repetir. E houve muitas mudanças (como na quantidade de músicas a concurso) e acabou por resultar. Acho que nos devemos orgulhar e ter atenção à nossa música. Somos um país pequeno, mas com muito talento. A música portuguesa não é só aquela que passa na Rádio Comercial. Há muito boa música a passar nas rádios mais pequenas ou que não passa na rádio de todo. 

D.TV. - Se tivesses todo o público português à tua frente, o que lhes dizias? Quem é a Ana Tereza?

A.T. - É uma pergunta difícil... Sou só uma pessoa pequenina com um sonho muito grande. Só quero cantar e partilhar a minha mensagem e o meu amor. [...] No fundo, era isto que eu dizia. 


Por: Filipe Vilhena
Agradecimentos: Ana Tereza; Carolina Figueiras; Adrian Bobeica e Margarida José

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