"Segunda Opinião" #162- "Viva Vida": O fracasso da 'era Cristina'?
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Estreada a 29 de setembro de 2014, "Segunda Opinião" é uma rubrica onde todas as semanas é abordado um assunto do mundo televisivo. |
Estreou a 26 de setembro e foi a primeira aposta da 'era Cristina Ferreira'. Prometia irreverência, diversão e música, mas as expectativas foram quebradas na primeira emissão, que foi criticada pela maioria dos espectadores nas redes sociais.
O programa trouxe de volta Rúben Rua para a televisão, depois de ser dispensado pela TVI. A seu lado, uma estreante, a influenciadora Helena Coelho. O objetivo desta dupla - bem pensado em teoria por Cristina Ferreira - seria trazer para o canal uma franja de público diferenciada e mais nova. Tanto Rúben Rua como Helena Coelho têm milhares de fãs jovens e adolescentes, na maioria do sexo feminino, e seria esta uma forma de fazer os mais novos ficarem colados à televisão. Além disso, o formato seria feito de reportagens em locais emblemáticos e convidados em estúdio. Com uma ideia tão boa, o que falhou?
Primeiro, e avaliando a dupla, Rúben Rua e Helena Coelho não têm a mínima cumplicidade e capacidade de encaixe para trabalhar juntos. Desde perguntas desnecessárias, a conversas sem total interesse, ambos demonstram alguma dificuldade em saber "pegar" no ponto certo de cada convidado e fazer interrupções menos "bruscas" nas conversas para apresentar as reportagens. A culpa, em parte, não é deles, porque os convidados parecem escolhidos ao "acaso". Não existe um motivo para estarem ali - ninguém escreveu um livro, não vão promover um projeto, não há nenhuma novidade, vão e "pronto". Contudo, em síntese, a dupla não atrai nem a franja de espectadores mais novos, nem os habituais espectadores da TVI. É ainda de realçar que o público habitual do canal não "simpatiza" com o trabalho do Rúben Rua e, por ser desconhecida, não conseguiu até agora encarar a Helena Coelho como cara TVI - até pelos comentários que dizem que a estação poderia apostar na Isabel Silva ou Mónica Jardim.
O problema do "Viva Vida" não são os apresentadores. É a "confusão" do programa. Se a TVI queria atrair novos públicos, deveria ter colocado "casa macaco no seu galho". Ou seja, a Helena Coelho não é apresentadora, até porque o seu lado de influenciadora está muito presente e é difícil manter os dois. Pode ser uma falácia esta afirmação, mas a Helena olha para o "Viva Vida" como um "trabalho extra", que lhe traz mais visibilidade para o seu "trabalho principal" nas redes sociais. Já o Rúben Rua - apesar da enorme evolução que tem demonstrado na apresentação- está muito associado a Cristina Ferreira e é constantemente criticado, uma vezes com mais razão que outras. Os espectadores precisam "apaixonar-se" pelo Rúben e reconhecer o seu talento e a "confusão" do "Viva Vida" não o ajuda.
Com isto tudo, a TVI deveria ter criado este programa e ter promovido a Helena Coelho como influenciadora e o Rúben Rua como repórter. Ou seja, a influenciadora traria todas as semanas dicas de maquilhagem, roupa e sugestões de locais com produtos em conta. Já o Rúben Rua, entraria aqui como repórter para mostrar os bastidores da TVI e ainda alguns apontamentos de reportagens com personalidades anónimas de relevância. Por sua vez, Isabel Silva ou Mónica Jardim assumiriam a apresentação em estúdio. Os três - uma influenciadora, um repórter (que estaria a "construir" o seu caminho para ser apresentador) e uma apresentadora fariam o "Viva Vida". Deste modo, a franja mias jovem iria ver os concelhos de Helena Coelho e os espectadores da TVI iriam assistir para descobrir os bastidores e ver reportagens, para além das conversas em estúdio.
Em termos de conteúdos, pegando na ideia acima, o formato seria mais coeso e os convidados em estúdio seriam chamados para mostrar um novo projeto, falar de uma fase da sua vida e até dar voz a quem pouco aparece na televisão, como escritores, atores de teatro, dançarinos, entre outros. Seria um programa diferente. Assim sim, seria um "Viva Vida" com a tal animação que era prometida no início. Porque o atual, é uma confusão de reportagens, conversas em estúdio e uma dupla que já se percebeu que não convence.
As audiências são baixas, mas não são péssimas. Contudo, a TVI conseguiria melhor. Com o "Conta-me" atrás, "Viva Viva" poderia ter mais espectadores, mas de facto não convence. Os sábados são o "calcanhar de Aquiles" da televisão portuguesa e o melhor é começar a investir neste dia da semana. Com alguns meses de emissão, os números têm-se mantido, o que demonstra alguma estabilização de fãs do formato. Ainda assim, o não crescimento de audiências revela que "daqui" o programa não passa.
Por: Filipe Vilhena
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