"Força de Expressão" #19- Querido Diário, estou a viver uma pandemia
Foto Filipe Vilhena | D.R. |
Querido Diário,
Estamos a viver uma pandemia. Morrem pessoas todos os dias. Ficam infetadas milhares de pessoas todos os dias. Estamos fechados em casa, não podemos abraçar nem beijar. Escrevo-te porque tenho saudades do pôr do sol. Porque já não vejo os meus amigos há quase dois meses. Porque vim para casa da minha família e deixei a minha casa sozinha, achei que fossem só duas semanas, acreditas?
Vemos a esperança todos os dias, dizem que o pior já passou. Mas atrás dessa esperança, vem mais 700 infetados, 30 mortos... Lares com muitos idosos infetados... Pessoas que furam a quarentena. E eu estou em casa. A minha família não me tem ajudado. Saem sem ser preciso e isso deixa-me ansioso e o sentimento de injustiça toma conta de mim. Estou fechado aqui sem sair há mais de um mês
Percebi que isto está a ajudar o planeta a "curar-se" da poluição e até o buraco de ozono está a ser diminuído. É a perte boa. Mas há mais...
Sabem... A situação do pais tem-me feito pensar que talvez nem tudo seja mau. Estamos fechados em casa agora. E isso faz com que nós tenhamos mais tempo para olhar à nossa volta. Já vi stories de pessoas a jogar às cartas, a pintar quadros e fazer atividades em família. Talvez numa situação normal isso não existiria, porque o telemóvel iria ser o caminho mais fácil.
Sabem... A situação do pais tem-me feito pensar que talvez nem tudo seja mau. Estamos fechados em casa agora. E isso faz com que nós tenhamos mais tempo para olhar à nossa volta. Já vi stories de pessoas a jogar às cartas, a pintar quadros e fazer atividades em família. Talvez numa situação normal isso não existiria, porque o telemóvel iria ser o caminho mais fácil.
Conseguimos conversar mais e amar com o olhar. Abraçar com palavras e beijar com atos. Porque não nos podemos tocar. Percebemos o valor da liberdade, de sair e sentir o vento e o sol na cara. Conseguimos dar valor ao trabalho que temos e pensar que afinal nem tudo é mau.
Acho que isto é uma lição para nós. O mundo obrigou-nos a parar agora. Quando recomeçar-mos vai ser tudo diferente. Vamos aprender algo. Pensem nisso.
Adeus Querido Diário,
Sinto-te como um amigo, porque posso conversar contigo e tocar-te
Por: Filipe Vilhena
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