"Duelos da TV" #24- "Got Talent Portugal" vs. "Pesadelo na Cozinha" [ESTREIA nova temporada]
Estreada a 30 de setembro de 2014, os "Duelos da TV" prometem surpreende-lo e prende-lo ao ecrã. Qual o melhor programa? É essa pergunta que vê respondida no final de cada edição.
"Got Talent Portugal" estreou na RTP1 em 2007, com o nome "Aqui Há Talento". Depois de ter passado pela SIC em 2011- com a designação de "Portugal tem Talento"-, o formato regressou à estação pública para três temporadas de sucesso (a partir de 2015 e até ao ano presente).
O talent show engloba vários tipos de talentos: desde a musica, dança, canto, acrobacias, entre muitos outros. No palco do "Got Talent" não há restrições nem limites de idade e todos podem participar e mostrar o seu talento. Este é dos formatos com um conceito mais abrangente e esse é um dos fatores para o sucesso.
Quando chegou a Portugal, o formato não foi bem recebido e nas primeiras duas temporadas (em 2007 na RTP e 2011 na SIC) não teve muito impacto. Depois de vários anos fora do ar, a RTP1 decidiu voltar a investir no "Got Talent" e em 2015 estreou a edição que impulsionou o formato.
A produção, à altura do original britânico, encantou o país e conquistou excelentes resultados para o canal público, que há muito tempo ficava escondido na sombra das privadas. A estação pública soube reinventar o conceito do "Got Talent"- a começar pelo nome- e passando pela equipa atrás das câmaras, o cenário, o estúdio e os apresentadores.
Tudo funcionou na temporada de 2015 e isso mantém-se até agora. O nível do programa não desceu e "Got Talent Portugal" continua com o fator novidade, contrastando com outros programas da concorrência, como "Ídolos" e até "Secret Story- Casa dos Segredos", que mantiveram a mesma linha e foram perdendo público ao longo do tempo.
Atualmente vemos Sílvia Alberto de volta aos comandos- depois de "Aqui Há Talento"-, desta vez com a companhia de Pedro Fernandes. É a primeira vez que ambos trabalham juntos na condução de um formato mas a química é evidente e o projeto foi-lhes muito bem atribuído. Sílvia já mostrou que merece o lugar onde está, pois é uma excelente profissional. Pedro Fernandes também tem mostrado cartas e nos últimos tempos tem sido aposta recorrente da estação. O apresentador é esforçado e empenhado e conseguiu renovar-se após vários anos à frente do "5 Para a Meia-noite". A sua postura cresceu, apesar de precisar de melhor alguns aspetos ainda.
A verdade é que as últimas três temporadas de "Got Talent Portugal" tem alternado os apresentadores. Na "primeira" tivemos Marco Horário, que regressou ao canal novamente e apesar das criticas iniciais desempenhou bem o papel. Na "segunda" a RTP apostou em Vanessa Oliveira e José Pedro Vasconcelos, novamente uma dupla de sucesso. A ideia do canal talvez seja não associar uma cara ao programa, como acontece com "The Voice Portugal"- onde os anfitriões tem um papel maior. Se analisarmos bem, a ideia é bem pensada. "Got Talent Portugal" tem sucesso pelo seu conceito, não depende oficialmente de uma cara para ajudar a promover o formato.
Passando para os jurados, temos novidades na mesa, que apesar das mudanças continua muito bem. A saída de Mariza e Sofia Escobar deixou duas cadeiras livres e a RTP decidiu apenas voltar a preencher uma, apostando em Cuca Roseta, que se junta a Tochas e Manuel Moura dos Santos. Sobre os rostos masculinos nada podemos acrescentar- continuam iguais a si próprios. Cuca Roseta mostrou-se mais tímida e com alguma dificuldade em ligar-se ao grupo no inicio mas agora vemo-la muito mais solta nos seus comentários. Contudo, sente-se a falta da quarta cadeira, que poderia ser ocupada por alguém da área da dança e de preferência do sexo feminino, para interligar mais o grupo de jurados.
A nova temporada do programa desceu os resultados das anteriores duas edições mas mesmo assim estes continuam a ser positivos e a RTP1 mantém-se na vice-liderança. Mesmo com "Pesadelo na Cozinha", que se tem revelado um sucesso no país, "Got Talent Portugal" mantém números acima da média do canal público, que voltou a situar-se na casa dos 12%, depois de largos meses com uma recuperação de audiência, que chegou a dar-lhe médias de 16%.
"Pesadelo na Cozinha" chegou à antena dos portugueses a 12 de março de 2016 com o chef Ljubomir Stanisic e desde ai tem feito as delicias aos portugueses nas noites de domingo da TVI.
O conceito do programa é simples: um estabelecimento pede ajuda e Ljubomir vai ao local ver e provar os pratos. Depois disso seguem-se mudanças na cozinha, na organização do pessoal, na decoração do espaço e até nas receitas. A prova é dura e o Chef não vai deixar fácil!
O formato mostra o estado do setor da restauração em Portugal. A verdade é que são muitos os restaurantes, cafés e tascas que estão abertos ao atendimento sem qualquer tipo de condições. Mais do que mudar os estabelecimentos, "Pesadelo na Cozinha" quer espelhar o estado do país. Esse é um dos fatores que contribuiu para o aumento de audiência do programa a cada edição, pois despertou a curiosidade nos espectadores. As imagens que o formato mostra são chocantes e estão muito bem selecionadas e organizadas, de modo a criar o fator suspense.
Outro dos fatores de sucesso é sem dúvida Ljubomir Stanisic. O Chef tornou-se num ponto de atração ao formato devido à sua sinceridade e aos seus comentários, por vezes considerados agressivos, mas que na realidade são apenas para ajudar. Ljubomir consegue ser ele próprio na condução do programa e isso traz a "Pesadelo na Cozinha" credibilidade e afasta-o dos "comportamentos ensaiados", que apesar de acontecerem (para criar o "espectáculo"), são bem menos do que em outros programas. Sem o chef o formato poderia não ter o mesmo impacto.
Contudo, a verdade é que o trabalho realizado pela equipa da TVI num estabelecimento não é suficiente- nem de longe, nem de perto- para resolver os seus problemas e, por vezes, durante as emissões passam a imagem de que tudo vai ficar bem a partir dali, para dar o típico "final feliz". Todos os espectadores, ou a maioria, sabe que isso não é verdade. É preciso muito mais do que é feito no programa. A produção deveria deixar claro nas imagens que o trabalho tem que ser continuo e a visita do Chef foi apenas para dar uma pequena ajuda.
A TVI decidiu estrear "Pesadelo na Cozinha" para se desvincular dos reality shows e talent shows em que apostava continuamente ao longo dos anos. A opção foi boa e um grande passo para a mudança na televisão portuguesa. Por vezes, inovar pode dar resultado e este é um claro exemplo. Da estreia para a segunda emissão o programa ganhou 100 mil espectadores. Já no oitavo programa a audiência média foi de 16.7%, correspondendo a mais 1 milhão e 600. O crescimento foi de cerca de 400 mil espectadores em oito emissões, fazendo deste um grande sucesso.
Até agora, muitos consideram "Pesadelo na Cozinha" o sucesso do ano. O que sabemos é que o programa continua a ganhar espectadores e mantém-se todos os domingos na liderança, tornando-se a sobremesa de grande parte dos portugueses.
PONTUAÇÃO (0-10)
- Got Talent Portugal: 9 PONTOS
- Pesadelo na Cozinha: 9 PONTOS
Por: Filipe Vilhena
Sem comentários