"Segunda Opinião" 26 (último)- "Mulheres": um sucesso à meia-noite?
Adaptada do original colombiano "El Último Matrimonio Feliz", um dos grandes destaques era o elenco principal composto por nomes muito sonantes. Em destaque, Sofia Alves e Fernanda Serrano. Logo depois, Maria Rueff, pelo seu regresso às telenovelas, em estreia numa produção da TVI. Gabriela Barros, Jessica Athayde, Paula Lobo Antunes e Susana Arrais fechavam este elenco de luxo que prometia comover Portugal.
E na verdade, "Mulheres" comoveu o país e continua a fazê-lo. Contudo, dado o horário em que é exibido, as audiência não acompanham os habituais sucessos da estação. Na estreia, o diretor de programas da TVI referiu que esta aposta num horário tardio justifica-se com o início do verão e a abertura de um novo horário, assumidamente “menos nobre”, para a emissão de uma telenovela “diferente” do que se tinha visto até aqui. A verdade, é que essa aposta não resultou.
A linha narrativa de Mulheres é bem diferente do que se vê em outras produções da estação. Longe das grandes histórias de amor, de vinganças, com irmãos escondidos, vilãs detestáveis ou grandes artifícios técnicos, "Mulheres" destaca-se pela sua simplicidade, pela sua realidade. Aquelas histórias são as histórias de muitas mulheres portuguesas. O cancro da mama, a violência doméstica, o envelhecimento, a imposição das mulheres no mundo dos negócios, a pobreza, a separação, a traição ou o alcoolismo assumem-se como os grandes destaques desta história.
Depois, a ação decorre de forma bastante gradual. Muitas vezes, um dia na história decorre ao longo de toda uma semana de exibição. Não se pode dizer que a novela seja lenta, mas a verdade é que tem o seu próprio ritmo, talvez mais pausado, com cenas mais extensas. Contudo, acabamos por entrar ainda mais no íntimo das personagens, pois o elenco é mais reduzido mas o tempo dedicado a cada um dos elementos do mesmo é maior.
E se o nome da telenovela é "Mulheres", os homens são também personagens importantes nesta
produção. É verdade que o protagonismo se concentra na vida das suas mulheres, mas existem histórias importantes protagonizadas por homens. Como o poder no mundo dos negócios, os casos de agressão física, a negação de uma doença grave como o alcoolismo, a traição e até mesmo o amor homossexual, nesta história personificado pela personagem de Virgílio Castelo e Hugo Costa Ramos.
"Mulheres" foi (e continua a ser) uma boa aposta da TVI. O único "pecado" cometido pela estação foi o facto de não acreditar realmente neste produto e de rapidamente o ter enviado para o horário do final da noite. Teria sido preferível apostar forte numa novela que retrata a vida real tal como ela é num dos principais horários. Mas a TVI optou pelo caminho mas fácil, que acabou por prejudicar o produto.
Por agora, e até ao seu final, "Mulheres" continuará a ocupar o horário da meia-noite e a chegar a pouco mais de 500 mil espetadores diários. Mas uma coisa é certa: será para sempre relembrada como uma das novelas mais diferentes em que a TVI apostou na sua ficção nacional.
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Por: Fantastic TV
Uma rubrica com a parceria do "Fantastic Televisão"