"Segunda Opinião" #5- "Queridas Manhãs": em queda?
Foi no dia 3 de fevereiro deste ano que a SIC estreou aquele que era
anunciado como o programa que iria mudar as manhãs da estação. "A boa
disposição escreve-se com Jota", diziam as promos. Neste caso, com dois
Jotas. Júlia Pinheiro mantinha-se nas manhãs e com ela trazia o
"Querida". De "Querida Júlia" passou a "Queridas Manhãs" e a grande
novidade, para além do novo talk show, era João Paulo Rodrigues. O
humorista que se tornou conhecido na RTP1 e que ganhou destaque como
concorrente n' "A Tua Cara Não Me É Estranha" e teve depois o "Não Há
Bela Sem João", na TVI, mudava-se para a SIC para fazer companhia a
Júlia.
A estação precisava de inovar, mudar as manhãs, que só com a Julia não
estavam a ir a lado nenhum. Faltava ritmo. Faltavam conteúdos
diferentes. Faltava um rosto masculino que conquistasse o público (e
parecia que na SIC não havia ninguém capaz). Por isso o canal de
Carnaxide decidiu ir à concorrência buscar o João. Boa escolha!
Estreado, o "Queridas Manhãs" deixou a SIC com esperanças e mexeu com
"Você na TV!", dono e senhor do horário há muito tempo. Tudo parecia
correr bem: a dupla funcionava, faziam bons resultados (superiores ao
seu antecessor) e o segundo lugar estava cada vez mais próximo...
Chegou o verão e os apresentadores foram, à vez, de férias. Enquanto
isso, algumas caras da estação (como Rita Ferro Rodrigues, Cláudio Ramos
ou Ana Marques) substituiram os "Jotas" durante os meses quentes. A
instabilidade de um formato que já estava novamente a ficar desgastado
voltou a prejudicar as audiências. Com o tempo os números foram caindo
cada vez mais e com o "Agora Nós" no ar, o programa dos "Jotas" ainda se
vê mais no fundo. Tânia Ribas de Oliveira e José Pedro Vasconcelos
chegaram como uma excelente dupla, trouxeram frescura, e tem vindo a
subir as audiências das manhãs da RTP1.
Mas voltando ao formato da SIC, "Queridas Manhãs" é um talk show "à
antiga". Histórias deprimentes, outras mais alegres, (muito) 760,
enfim... O formato pouco mudou em relação ao "Querida Júlia". Não veio
acrescentar nada de novo às manhãs. Já o "Agora Nós", apesar de ter
também as ditas "histórias deprimentes," consegue tratar dos temas de
outra foma. Tem um lado solidário que ajuda quem mais precisa, os Jogos e
desafios também estão presentes no programa da RTP1, mas o "760" não é
tão exaustivo". Tudo isto faz o sucesso (que deverá ir aumentando) do
formato. Já em relação ao "Você na TV", não há muito a dizer: líder
incontestável, já agarrou o público português e muito dificilmente irá
perder para um formato da concorrência nos próximos tempos...
Agora, tudo indica para que a SIC caminhe para o terceiro lugar, também
pela dupla. A Júlia e o João gritam muito, muitas vezes pensam que são
muito engraçacados e não o são e ainda não funcionam assim tão bem.
Falta ali cumplicidade. E falta Júlia Pinheiro dar espaço a João Paulo
Rodrigues para este brilhar, deixá-lo ser ele próprio e ter o seu tempo
de antena. Algo que Rita Ferro Rodrigues permite e por isso a dupla com o
João funcionava muito melhor - pena eles só trabalharem nas "Sextas
Mágicas".
"Queridas Manhãs" devia iniciar o ano de 2015 com algumas mudanças de
conteúdos. Precisamos de coisas alegres, algo que não tenhamos ainda
visto. Enquanto o programa seguir o caminho fácil (o da 'cópia do' "Você
na TV!") o sucesso vai ser difícil. Até a crónica criminal começa à
mesma hora! Como é possível que a SIC não veja que isso não está bem? O
canal de Carnaxide ambiciona a liderança com "Queridas Manhãs". Mas não
seria melhor ambicionar primeiro um programa de qualidade? Fica a
pergunta.
Por: Marco Filipe (Diário da TV)
Uma rubrica com a parceira do "Fantastic Televisão"