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"Livro de Estante" #3 | "O Deus das Moscas", de William Golding

©Raquel Branco


Autor(a): William Golding
Título Original: Lord of the Flies
Editora: D. Quixote
Páginas: 248
ISBN: 978 972 20 4797 5



SOBRE O AUTOR:
William nasceu a 19 de setembro de 1911, na Inglaterra. Estudou ciências naturais em Oxford e serviu a marinha britânica na segunda guerra mundial. Escreveu 0 Deus das Moscas em 1954.Ganhou o nobel da literatura de 1983. Acredita-se que a saga Jogos da fome de Suzanne Collins tenha sido inspirada neste romance.

SINOPSE:
“Um avião despenha-se numa ilha deserta e os únicos sobreviventes são um grupo de rapazes. Inicialmente, desfrutando da liberdade total e festejando a ausência de adultos, unem forças, cooperando na procura de alimentos, na construção de abrigos e na manutenção de sinais de fogo. A supervisioná-los está Ralph, um jovem ponderado, e o seu amigo gorducho e esperto, Piggy. Apesar de Ralph tentar impor a ordem e delegar responsabilidades, muitos dos rapazes preferem celebrar a ausência de adultos nadando, brincando ou caçando a grande população de porcos selvagens que habita a ilha. O mais feroz adversário de Ralph é Jack, o líder dos caçadores, que consegue arrastar consigo a maioria dos rapazes. No entanto, à medida que o tempo passa, o frágil sentido de ordem desmorona-se. Os seus medos alcançam um significado sinistro e primitivo, até Ralph descobrir que ele e Piggy se tornaram nos alvos de caça dos restantes rapazes, embriagados pela sensação aparente de poder.”


Este foi o primeiro livro escrito pelo autor. Publicado pouco depois da segunda guerra mundial, é uma alegoria à mesma.

A história desenrola-se numa ilha deserta no meio do oceano pacífico, onde um grupo de rapazes, que escaparam de um desastre de avião, tentam sobreviver. Muito pouco sabemos em relação a estas personagens e à sua vida antes de ficarem presos na ilha.

Apesar de estarem agora num mundo sem regras, o chefe do grupo passou a ser Ralph que, ajudado por Piggy, tentou ao máximo trazer equilíbrio à nova comunidade e também fazer com que estes fossem salvos. Porém Jack Merridew, um oponente de Ralph, procura também a liderança e acaba a fazer de tudo para que tal aconteça.

Na edição que li, a parte de trás do livro tem uma imagem de um porco a preto e branco, sob a ilha. Ao ler, percebemos que o grupo ao matar porcos para se alimentar, acabou a deixar uma cabeça de uma porca numa estaca como oferenda para uma besta que os atormentava. Depois de alguma interrogação, cheguei à conclusão de que representa a transformação pela qual todos eles passaram assim que chegaram à ilha.

Longe dos adultos ou de qualquer tipo de supervisão, os rapazes acabam a perder o controlo das suas ações. Podemos então tirar umas quantas conclusões desta leitura: o facto de serem crianças não lhes tira responsabilidades; um grupo de pessoas em isolamento pode terminar em cenários de barbaridades e o mais importante, que por mais que existam defeitos na nossa sociedade, ela é necessária para nos guiar.

Em suma, este livro gira em torno da condição humana em si e o que é viver em sociedade. É interessante entender a reação quando colocados nos seus extremos, a necessidade de individualidade, mas também de convívio entre os seres humanos.

Porém, a forma como o autor tratou este tema, recorrendo a crianças torna a história ainda mais assustadora e perturbadora do que talvez seria com adultos. E porquê? Porque este livro investiga alguns temas pelos quais alguns filósofos se debruçam há muito, muito tempo: Qual é a tendência natural dos seres humanos que vivem em grupo? A ordem ou o caos? Será que é possível viver sem leis, sem autoridade? O que fala mais alto: a harmonia ou a violência?

Estes aspetos ganham mais ênfase sendo tratados numa comunidade onde só habitem crianças. As histórias em geral têm a tendência de associar o puro e inocente à imagem de uma criança. Neste livro, as personalidades são muito mais reais. Todos sabemos que não nascemos ensinados e que se nos comportamos de determinado modo é porque fomos educados a tal. Isto vale para todos os aspetos: o respeito pelas outras pessoas, a nossa maneira de falar, etc. Mas numa ilha deserta, esses valores deixam de ser implementados. O que leva a situações sinistras até.

Recomendo vivamente a leitura, é muito fácil de ler e a história muito interessante. E claro, sendo uma distopia, deixa sempre o leitor a pensar.

Uma curiosidade em relação a este livro, que não se pode encontrar na leitura é a seguinte: o título, O Deus das moscas é uma tradução muito comum a uma palavra que aparece na bíblia e que faz referência ao demónio: Belzebu.

Disfarçadamente, William Golding deu o nome do diabo ao seu livro.

Se tinha ainda alguma dúvida em relação á natureza destas personagens, tenho a certeza que agora já não existe.


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Por: Raquel Branco

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