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"Dá que Falar" #6- Goucha: Santo, mas pouco!


Que Manuel Luís Goucha tenta ser, e é, um apresentador culto, é verdade. Que perdeu um pouco a arrogância e a vaidade que tinha na RTP, também é verdade. Que teve de começar a fazer certo tipo de palhaçadas nos programas que apresenta, também é verdade. E porquê? Porque trabalha para um canal privado onde tem de haver resultados, ou seja, tem de haver audiências.

Goucha, teve de deixar de ser ele próprio, para passar a ser outra pessoa, uma pessoa mais próxima do telespectador. Isso seria, para ele, imaginável se ainda estivesse na RTP1 a apresentar a "Praça da Alegria".
 

Mas esta mudança de estilo teve a ajuda de Cristina Ferreira, que foi fundamental na grande mudança que o Manuel Luís Goucha efectuou. Ele acabou por ir beber à personalidade da Cristina Ferreira que é, genuína e verdadeira, é próxima do povo. Goucha perdeu, um pouco, a sua arrogância, a sua mania de que é mais culto e sabichão do que os outros. Perdeu certos tiques de vedeta. Ou seja, teve mesmo de mudar, e ainda acordou a tempo para fazer essa mudança. Coisa que ele não é, é parvo.

Goucha faz o seu trabalho de casa bem feito, é certo. Isso, acho eu, é visível e que ninguém coloca em causa.

Agora, não me venham dizer que o Goucha é um santo, porque aí eu respondo-vos da seguinte forma: "é santo sim, mas pouco!"

Sem querer fazer julgamento acerca do apresentador da TVI, há factos que não devemos ignorar:

1) A forma de como tratou a Sónia Araújo, enquanto esteve à frente da "Praça da Alegria". Não foi capaz de lhe dar um pouco do seu espaço no programa e de a ajudar a crescer profissionalmente.

2) Depois, pouco tempo de ter saido para a TVI, desdobrou-se em entrevistas nas quais tentou sujar a imagem da Sónia Araújo. Mas o que é certo é que o Goucha abandonou a "Praça da Alegria" de um dia para o outro e a Praça continuou no ar com apresentação de quem? Da Sónia Araújo, que aguentou o barco sozinha, até chegar Jorge Gabriel, numa prestação impecável e com uma postura profissional irrepreenssível.

3) Depois destas polémicas, onde haveria outras tantas para falar, chegamos ao dia em que a sua mãe foi encontrada inconsciente na cama com um golpe no pescoço, causado pela própria.
Uma pessoa que se corta a si mesma, é porque algo não está bem na sua vida. Fala-se de solidão, e, eu, acredito que assim seja. Uma pessoa de 91 anos de idade, numa casa sozinha, sem ter com quem falar, num ano em que Manuel Luís Goucha mal a visitou, muito por culpa do excesso de trabalho que teve em mãos, porque não basta ganhar 40 000 euros, tem de os trabalhar e é isso que a TVI exige dele.

Este episódio na vida do apresentador da TVI, foi um abanão, um aviso que a vida lhe quis dar para o alertar que a sua vida não pode ser só trabalho. Que não se pode esquecer dos valores principais da vida: O amor que tem para dar à sua mãe, à sua família, aos seus amigos, enfim. O amor que a vida lhe pede e ele tem recusado.

Perante este triste e, quase trágico episódio, Manuel Luís Goucha não pode, nem deve tentar esconder o sol com a peneira. E, infelizmente é isso que fez quando confrontado com esta situação que envolve a sua mãe.

Goucha é santo, mas pouco. Não há pessoas perfeitas, é certo e sabido. Mas são estes tipos de abanões que a vida nos dá, que nos fazem acordar para a vida, que nos fazem crescer como Ser Humanos que somos.

Por isso Goucha, tentarmos ser melhores de dia para dia não custa nada e o resultado é bem melhor. Cuide de si e da sua mãezinha. Leve-a para perto de si e devova-lhe o sorriso que perdeu.

Cada um colhe aquilo que semeia. Se semeamos mal, não podemos querer colher bem!

Quem sou eu para querer dar lições de vida a alguém? longe de mim e, nem foi isso que me propuz a fazer neste texto.

Recebam um abraço e sorriam sempre, mesmo nos momentos menos positivos da vossa vida.


Por: Rui Miguel